Conversão da motorização de diesel para o puro elétrico: realidade na região metropolitana de São Paulo!
Na corrida para acelerar a mudança da frota de transporte de bebidas na região metropolitana de São Paulo, a AMBEV saiu na frente, com o a realização de ações de “Retrofit” de parte da sua frota, com a opção tecnológica de motorização via Puro Elétrico, ou seja, motor elétrico à bateria. No dia 05 de março a AMBEV firmou uma parceria com a ELETRA para a conversão de veículos a diesel em elétricos.
Numa primeira etapa, 102 caminhões com cinco a dez anos de uso vão passar pelo processo conhecido como “Retrofit”, que consiste em retirar todos os componentes agregados ao sistema de combustão, como motor, caixa de câmbio e tanque de combustível e substituí-los por componentes adaptados à tecnologia elétrica. Essa modificação no “power train” do caminhão que roda nas cidades permite que a frota seja mais sustentável, além de garantir AMBEV que os veículos, ao serem revendidos continuem não poluindo os centros urbanos, já que o desgaste dos componentes dos veículos elétricos é muito melhor. Com essa ação, estes caminhões ganharam mais de 20 anos de vida útil, além de apresentarem um custo de manutenção muito menor que o veículo a diesel.
Em 2018 nós da LaraiaTech realizamos estudos para este setor, por meio do projeto realizado para o Promob-e em parceria com a GIZ e MDC, e entre as nossas conclusões está a predição de que em 2020 / 2021 o processo de retrofit seria uma realidade em caminhões de entrega nas regiões metropolitanas.
A pesquisa considerou as opções tecnológicas disponíveis e suas prováveis evoluções para no período de 2018 a 2033. Veja o Gráfico 1 a seguir. Ele apresenta a rota de adoção de cada tecnologia comparativamente para o período citado. Observe a seta vermelha indicando o momento atual (2021) ou seja, o início da adoção da motorização elétrica para caminhões.
As previsões de vendas anuais para caminhões eletrificados apresentadas na pesquisa Delphi realizada com mais de 350 participantes (entre eles estavam especialistas, atuantes no segmento, montadoras, entre outros) foram ajustadas duas vezes, resultando nas curvas apresentadas no Gráfico 1. Com base nesses dados e nas estimativas obtidas nessa mesma pesquisa, consideramos as tecnologias híbrida, elétrico e célula combustível. A partir disso, foi feito um desdobramento da previsão de vendas por tipo de propulsão elétrica, como pode ser visto no Gráfico 2 a seguir, que apresenta as tendências e mostra uma preferência dos elétricos à bateria.
No contexto dos caminhões, as previsões são conservadoras e apontam que os caminhões híbridos e elétricos à bateria irão dominar o mercado até 2025, quando os híbridos começam a desacelerar ao mesmo tempo em que os caminhões a célula combustível começam suavemente a ganhar espaço no mercado. De qualquer modo, a opção a bateria segue dominante até 2033, quando responde por mais de 56% das vendas anuais. Em função da falta de fabricantes nacionais com oferta da tecnologia de caminhões a célula combustível, acreditamos que a dominância da opção a bateria seja ainda mais longa.
Há bastante incerteza sobre a evolução da opção a célula combustível pelo fato de não haver nenhum fabricante no país com oferta dessa tecnologia. Antes que isso aconteça é provável que não tenhamos nenhuma participação dessa opção no mercado. Esse cenário é entendido como o mais provável para os próximos cinco anos.
Lilian Laraia