Utilitários e caminhões leves seriam um bom ponto de partida para uma cultura de mobilidade elétrica?
“Na segunda-feira (25/01), o atual presidente norte-americano Joe Biden firmou o compromisso de substituir toda a frota de veículos federais por modelos elétricos fabricados nos Estados Unidos. A decisão faz parte da ordem executiva batizada de "Made in America", que busca gerar 1 milhão de empregos valorizando a economia nacional. Ainda sem prazo definido, a mudança implica na troca de quase 645 mil veículos federais”, de acordo com o site TechCrunch.
Nesse contexto, é possível que a transição comece pelos caminhões de entrega do serviço postal, que representam 22% da frota federal e que, com uma idade média de 28 anos, a maioria está defasada e apresenta motores com altos índices de emissão de GEE (Gases de Efeito Estufa).
Além de deter muitas tecnologias de mobilidade elétrica, uma grande vantagem americana é que esta frota – que chega a quase 140 mil veículos - transitam em rotas previamente definidas, o que facilita a distribuição de pontos de recarga ao redor do país.
Seria esse um bom caminho para a adoção dos veículos elétricos no Brasil também?
Nós da LaraiaTech realizamos um estudo profundo sobre a adoção de tecnologias elétricas para os veículos pesados no Brasil, em conjunto com o PROMOB-e, um projeto de cooperação técnica executado pelo Ministério da Economia em parceria com o Ministério Alemão de Cooperação Econômica e para Desenvolvimento por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.
Utilizamos toda a nossa tecnologia em Inteligência Artificial para avaliar as tendências das tecnologias de veículos elétricos no Brasil, e verificamos que para os ônibus municipais e metropolitanos, as leis municipais têm um impacto imediato nas tomadas de decisão pró eletrificação da frota, devido ao poder das regras de concessão. Já para os caminhões essa influência demanda mais tempo e outros instrumentos de controle.
Nesse segmento, o que pontua são compromissos de algumas empresas no sentido de cortar suas emissões de GEE. A Ambev, segundo notícia do Estadão de 20/8/2018, negociou a aquisição de 1600 caminhões elétricos que serão entregues até 2023. Sua frota total hoje é de 4800 caminhões.
Outro exemplo é o da Corpus Saneamento e Obras, de Indaiatuba, que, após experimentar um caminhão elétrico em 2016, adquiriu mais 200 unidades para o serviço de coleta de lixo, que serão fornecidos até 2023. Preciso ressaltar a relevância dos veículos que não emitem poluentes para a saúde dos coletores, que passam os dias correndo atrás do caminhão, próximo ao escape.
Abordamos essa questão por meio de pesquisa Delphi (duas rodadas) e metodologias proprietária via Programa de Mobilidade Elétrica Brasileira – Promob-e identificando a projeção e a evolução das vendas de caminhões elétricos novos (e convertidos).
Consideramos as seguintes premissas para a pesquisa:
· O segmento de caminhões leves;
· O crescimento da frota com base no crescimento médio observado no período de 2014 a 2017;
· As negociações de veículos anunciadas com entregas prevista até 2023 e adicionando um pequeno acréscimo de 10% das encomendas nos dois últimos anos;
· Que as vendas de caminhões leves ocorrerão principalmente em função da reposição das unidades que esgotaram a vida útil e em menor parte em função do acréscimo projetado da frota;
· Que após o cenário parabólico até 2023, haja um casamento suave com um crescimento que atingirá 10% das vendas totais de caminhões leves em 2040, isto é um cenário bastante modesto.
· Por último, lembrar que uma pequena parte das vendas poderá ocorrer por conversões para elétricos de alguns caminhões, em função de consultas recebidas por fornecedores.
O estudo nos permitiu concluir que o bom desempenho dessas iniciativas poderá ser um indutivo de comportamento semelhante por parte de outras empresas com grandes frotas ou cidades que buscam reduzir custos com saúde pública no tratamento de doenças que ainda causam efeitos deletérios à população.
Você pode ter acesso ao nosso estudo completo clicando aqui!
Lilian Laraia