A análise de redes sociais e outras – noções e conceitos iniciais
Em nosso produto FPlan mineramos dados e elaboramos gráficos de redes a fim de auxiliar empresas e empreendedores a terem uma perspectiva de futuro e assim, tomarem as melhores decisões agora. No entanto, muitos clientes nos perguntam o significado de seus indicadores, já o assunto, que não é tão disseminado e é muito específico para cada tipo de negócio. Vamos utilizar nosso espaço de blog para gradativamente deixar registrado conceitos e exemplos que esclarecerem as perguntas que costumamos receber. Além disso, vamos detalhar o tema um pouco mais, de tal forma que a sequência de textos se torne “quase” um micro curso de análise de redes.
O ser humano gregário e social
Olhe-se no espelho e pergunte-se: quem sou eu e como as pessoas me vem ou imaginam que eu seja?
A seguir, pense: qual dessas respostas é a mais importante para você? Uma vez que vivemos em sociedade, a sua imagem para o grupo é muito importante.
Observe essa citação de Robert Penn Warren em All the King’s Men: “They say you are not you except in terms of (your) relations to other people. If there weren’t any other people there wouldn’t be any you because what you do, which is what you are, only has meaning in relation to other people”. Tentando traduzir e preservar o sentido – “Dizem que você só existe em termos de suas relações com os outros. Se não houvesse as outras pessoas, você não seria percebido, porque o que você faz, que é o que você é só tem significado em relação às outras pessoas”. O que ela tem a ver com redes, dados e indicadores? Já vamos te contar.
Redes ocorrem em abundância na natureza e nas criações humanas
Considere a rede de nossos vasos sanguíneos; agora, a nossa rede neural. Rede, literalmente. Informações e dados passando pelas células por um “caminho”. Agora vamos para as redes não orgânicas: as redes de transmissão de energia elétrica; as redes rodoviárias; as redes de distribuição de utilidades (água, luz, gás, telefone etc); os algoritmos que usam redes neurais artificiais.
Na figura 1 ilustramos algumas. Como exercício descreva quais são e pense outras mais que eu não mencionei e nem coloquei na figura.
Vamos entrar agora em um terreno menos tangível, onde há uma grande quantidade de exemplos interessantes e influentes. Sim, estou falando das redes formadas pelos relacionamentos de entidades sociais. Na sequência vamos incluir nessas redes outras entidades (artefatos e constructos) advindos da criação humana. A discussão então vai ficar muito boa. Caminhemos em passos firmes e não muito grandes.
ser mais preciso, nós teríamos uma multirrede ou uma rede multiplexada. Suponha que eu desenhe um conjunto de bolinhas, de cores diferentes, conforme a natureza da relação as conecta comigo. Isso daria origem a uma figura e, onde as bolinhas azuis são os amigos, as de cor ocre os familiares, marrons colegas de trabalho, verde grupo de pesquisa e lilás o pessoal do coral. Além disso a cor das ligações também seguiu a mesma lógica.
Vamos classificar essa rede. Ela é multiplexada pois representa mais de uma relação na mesma rede. É mono modal porque todas as entidades são do mesmo tipo, ou seja, pessoas. É não direcional, porque a natureza das relações assim o é, por exemplo, se você for meu primo, forçosamente eu serei seu primo também. Ela também é egocêntrica, porque a população teve como requisito que todas tivessem pelo menos uma das relações consideradas comigo. Por outro lado, mesmo sendo egocêntrica, ela não é do tipo estrela, em que todas as ligações partem do centro. Isso porque eu representei as relações existentes entre outros membros da população definida na rede egocêntrica. Então olhando a figura vemos, por exemplo, que há duas pessoas do coral que trabalham no mesmo lugar que eu.
A figura usada para representar a rede tem o nome de grafo. Pode parecer que com um grafo eu teria uma visão e completa e detalhada da rede, mas imagine redes com milhares, ou milhões de entidades, então a figura seria apenas um borrão. Para entender a influência potencial de cada elemento na rede, torna-se necessário definir indicadores. Muitos desses indicadores se originaram do estudo da topologia dos grafos e também da álgebra linear e matricial, já que há uma forte analogia entre grafos e matrizes. Isso será objeto dos próximos textos. Agora vamos completar a nomenclatura de redes em um grafo e também delimitar quando é interessante usar a análise de redes.
As entidades (bolinhas) são denominadas como nós, nodos ou vértices. As ligações são as arestas, arcos, conexões, ou vínculos.
Só há interesses em estudar redes cujas relações que as definem sejam razoavelmente duráveis. O enfoque do estudo pode ser apenas uma análise estática (cross-sectional), ou longitudinal para entender como a configuração da rede tem mudado em fatias de tempo significativas. Nós fazemos essa análise longitudinal em nosso relatório do F-Plan lean para ver como estão evoluindo as principais frentes de pesquisa de um determinado tema. Também podemos estudar a dinâmica de uma rede dinâmica quando há formas de modelar os mecanismos de conectar e desconectar as relações consideradas.
modifica substancialmente suas possibilidades, desempenho e comportamento no sistema e, portanto, têm que ser consideradas na modelagem. Considere, que você tenha muitas habilidades distintivas e que trabalhe em uma empresa muito criativa e inovadora, mas você é muito low profile e quase não conversa com os colegas. Então mesmo que você seja conhecido por sua competência para as funções em que foi contratado, dificilmente você será lembrado para participar de times de criação que podem estar precisando de algumas habilidades especiais que você possui, mas que ninguém sabe disso. Perdem você e a empresa.
A análise de redes traz uma visão complementar muito útil nos estudos que envolvem entidades, artefatos e construtos de origem humana.